O vínculo com os pais nos primeiros anos de vida é essencial para o crescimento do bebê. Porém, com as rotinas agitadas, muitas vezes é difícil conciliar as atividades para dedicar tempo suficiente aos pequenos. Segundo uma pesquisa divulgada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),51,3% das mulheres brasileiras trabalham, seja no mercado formal ou informal, e substituir os cuidados dos filhos por uma babá ou familiar próximo pode parecer, mas não é a solução. Isso pode representar problemas para o desenvolvimento da criança e causar um sentimento de abandono que caracteriza a educação terceirizada.
Quando o filho é deixado com outra pessoa, a perda de referência é um aspecto comum, pois ocasiona na criança uma dúvida com relação a quem é a autoridade. “A criança terá como modelo as pessoas que o auxiliam na resolução das angústias e situações cotidianas e não serão os pais nesses casos”, conclui a psicopedagoga e mestre em educação, Daniela Felix.
Além disso, por ficarem durante o dia longe do filho, os pais passam a satisfazer as vontades da criança devido ao sentimento de culpa, o que pode torná-Ia sem limites ou agressiva no futuro. Porém, nem toda ajuda de terceiros é prejudicial, desde que seja uma extensão da família.
Nesse momento, alguns critérios devem ser observados na escolha do cuidador ou da escola. “A estrutura física da escola deve ser adequada às necessidades, o número de profissionais e a qualificação dos mesmos, além da proposta educativa. Já a babá deve ter experiência com crianças, referências ou alguma formação em área afim”, recomenda Daniela Felix.
Quanto ao papel do pai na vida do filho, além de dividir cuidados e tarefas, também proporciona um espaço para que a mãe possa afastar-se com segurança e manter suas atividades sociais. “O pai cumpre também uma função materna, pois auxilia o bebê na percepção de seu corpo, nomeando sentimentos e narrando suas ações”, destaca a psicopedagoga.
As crianças carregam consigo ao longo da vida traços de identidade construídos durante a infância a partir das relações familiares. Esses traços, segundo o psicanalista Daniel Castilho, são transmitidos a partir da forma como os pais expõem seus valores, prioridades de vida, ambições e crenças. Quanto mais jovem a criança, maior é a importância da presença de um dos familiares, pois possibilita que ela sinta-se mais segura. Portanto, a atenção e o carinho durante os primeiros anos de vida são definitivos para a formação do caráter dos filhos, pois a personalidade das crianças tem grande influência daquilo que é transmitido a eles.
O PAPEL DA ESCOLA
Se a participação ativa dos pais na educação dos filhos é tão relevante, a escolha do ambiente escolar também é de fundamental importância. Todos os dias, mães e pais entregam a responsabilidade nas mãos de professores e educadores, os quais assumem a missão de formar a cidadania das crianças e dos adolescentes, em uma construção coletiva com os pais e a sociedade. Para o professor André Straher, diretor do Colégio Sinodal de Salvador, essa missão é concluída com um ambiente estimulante, lúdico e que possibilite o desenvolvimento dos potenciais. “Esses filhos necessitam de uma rotina de higiene, de alimentação, de estudo e, sobretudo, de convivência com outras crianças e adultos. Eles têm isso em casa e devem ter também nas escolas de turno integral”, comenta Straher.
A educação, por fim, é trabalhada pelo professor em uma tríade: família, escola e sociedade. Se um dos pilares falha, o processo de aprendizagem também falha. À escola, cabe promover o conhecimento das normas e estimular atitudes de segurança. Na família, os filhos têm o exemplo dos pais que respeitam as’ normas. A sociedade pode adotar estratégias eficazes de educação. Basta que um desses três falhe no cumprimento de seu papel para que a missão de formar a cidadania seja prejudicada”, reflete o educador.