O Brasil e a Depressão Pós-parto

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Ao contrário do que muitos pensam, a maternidade não é um momento apenas de alegria, pois são muitas as mulheres que sofrem com a depressão pós-parto. Confira os dados referentes a essa condição e suas principais causas.

 

Alterações no humor, durante ou logo após o fim da gestação, podem acarretar um transtorno que costuma atingir 25% das mulheres, chamado de depressão pós-parto. Segundo um estudo realizado pela pesquisadora Mariza Theme, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), no Brasil, em cada quatro mulheres, mais de uma apresenta sintomas de depressão no período de seis a 18 meses depois do nascimento do bebê.

 

A prevalência desse distúrbio, considerado relativamente comum no país, foi mais elevada que a estimada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em países de baixa renda, em que 19,8% das parturientes apresentaram transtorno mental, em sua maioria a depressão.

 

O fato é que não há apenas uma causa específica para esse distúrbio, podendo estar associado a diversos fatores ligados ao desequilíbrio na produção hormonal, gerado pela gravidez. Essa alteração pode ser influenciada por mudanças físicas no corpo da mulher, emocionais, no estilo e na qualidade de vida e por histórico de outros transtornos afetivos.

 

A DEPRESSÃO PÓS-PARTO ACOMETE MULHERES DE DIVERSOS LOCAIS DO MUNDO

 

Em pesquisa em nível global publicada pelo American Journal of Obstetrics and Gynecology, verificou-se que a depressão pós-parto atinge até 15% das mulheres. Outro estudo, entretanto, publicado no Journal of Affective Disorders, que mostrou uma média semelhante (de 10% a 15%), ressaltou o fato de esse resultado não ser representativo devido à diversidade de variáveis locais a serem consideradas: socioeconômicas, culturais e biológicas. Esse mesmo estudo mostrou, ainda, a predominância de sintomas depressivos pós-natais na Itália (38,1%), Chile (37,4%), África do Sul (36,5%), Índia (32,4%) e Turquia (29,8%), que não parecem diferir substancialmente do Brasil em relação às variáveis.

 

A rotina antes e depois do bebê Não são poucas as mudanças decorrentes no dia a dia de uma mulher que acaba de se tornar mãe. Muitas dessas transformações, inclusive, são até difíceis de se habituar. De fato, isso é algo que demanda tempo, acompanhamento médico, capacidade financeira, emocional e psicológica, fatores os quais podem ser escassos na rotina materna e capazes de gerar a depressão pós-parto. Há, ainda, mulheres que já apresentam um quadro de saúde com históricos de hábitos prejudiciais e distúrbios mentais, ampliando ainda mais os riscos de desenvolvimento do transtorno em questão.

 

Fatores de risco para depressão pós-parto

 

  • Depressão anterior à gravidez;
  • Histórico familiar de depressão ou outros transtornos mentais;
  • Sedentarismo;
  • Falta de apoio da família, parceiros e amigos;
  • Limitações físicas anteriores, durante ou após o parto.

 

Atenção aos sinais da depressão pós-parto

  • Ansiedade e irritabilidade;
  • Insônia;
  • Diminuição da libido;
  • Maior sensação de cansaço e desânimo;
  • Perda ou aumento de apetite;
  • Interrupção precoce do aleitamento materno.

 

Prevenção e tratamento

 

A depressão pós-parto pode trazer graves consequências à interação entre mãe e bebê e na formação do vínculo afetivo, além de inseguranças no cuidado com a criança, podendo afetar significativamente a sua saúdes. Portanto, é necessário que algumas condutas visando à cautela sejam tomadas a fim de prevenir o desenvolvimento do transtorno, como seguir assiduamente as orientações do médico, fazer atividades físicas, evitar o isolamento e manter uma alimentação saudável. No tratamento, entretanto, é fundamental a assistência médica e psicológica, que levará em conta o diagnóstico específico de cada caso, verificando a necessidade ou não de medicamentos apropriados.

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