País não alcança meta de doações

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    ABTO sugere campanhas para esclarecimento da sociedade estímulo à notificação do potencial doador às centrais

     

    O primeiro trimestre de 2014 foi marcado por uma queda no numero de transplantes do país, situação que preocupa o Conselho Federal de Medicina (CFM) e importantes entidades, como a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

     

    Ao alerta em relação ao cenário atual se soma ainda o desempenho do ano passado, que ficou abaixo da meta de 13,5 doadores efetivos par milhão de população (pmp) – alcançou-se apenas 13,2. “Para se ter uma idéia do quanto precisamos progredir, nos Estados Unidos esta taxa é de cerca de 24 pmp e, na Espanha, passa de 30”, aponta o presidente da ABTO, Lucio Pacheco. Dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) de janeiro a março deste ano indicam como extremamente difícil a obtenção da meta de 15 doadores efetivos pmp para este ano.

     

    Lucio Pacheco afirma que duas estratégias precisam ser adotadas para que o Brasil possa recuperar as taxas de doação e transplantes previstas e, principalmente, salvar centenas de vidas: “Campanhas para esclarecimento da sociedade (afinal, a taxa de recusa familiar é de 47%) e estimular os médicos a aumentarem a notificação do potencial doador às centrais”

     

    A conselheira Cacilda Pedrosa, especialista na realização de transplantes, lembra que a complexa formação de recursos humanos para a área é um desafio adicionai. A difícil situação dos serviços públicos, onde os potenciais doadores são acolhidos no primeiro socorro, também é mencionada por especialistas.

     

    Para Pacheco, o país evoluiu no quesito formação: “Hoje, não é preciso mais sair do país. Temos massa crítica e um volume de transplantes capazes de formar pessoas”, opina.

     

    Tércio Genzini, diretor do Grupo Hepato, analisa um aspecto da formação que pode – em sua opinião – evidenciar abismos de realidades. Ele explica que o Brasil tem adotado um modelo de trazer profissionais das regiões desprovidas para capacitação em hospitais de excelência. “A disparidade entre as realidades dos hospitais de origem e dos hospitais capacitadores é tão grande que apenas fortalece a opinião do capacitado de que não será possível desenvolver esse tipo de trabalho em seu centro. É um erro achar que profissionais capacitados em grandes centros conseguirão produzir resultados em recursos materiais, escassos em grande parte do país”, diz Genzini, que também é membro da ABTO e da Câmara Técnica Nacional de Transplantes de Fígado.

     

    As condições de manutenção dos doadores, muitos dos quais perdem as condições clínicas de doarem órgãos sob condições hemodinâmicas precárias, também são um ponto crítico.

     

    Capacitar profissionais locais conforme suas condições reais de trabalho (levar uma equipe multiprofissional que estuda e adequa as instituições interessadas para a captação de órgãos e realização de transplantes) pode ser uma medida producente, acredita Genzini.

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