Volta ao Trabalho

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    A volta ao trabalho é uma das situações mais sensíveis, pela qual quase todas as mães passam. Durante muitos anos, atuando com gestantes, mães e bebês, pude observar e constatar que esse momento é um dos mais difíceis na relação com o bebê e angustiam muitas mães, acometendo algumas já durante a gravidez.

     

    Essa angustia relacionada a separação é perfeitamente compreensível quando entendemos o que se passa na relação da mãe com o seu filho.

     

    Desde a gravidez, o vinculo já está sendo estabelecido, pois a mulher passa a viver em função do seu centro, que esta em seu ventre.

     

    A partir do nascimento do bebê, ambos passam a viver uma relação de profunda integração, em que a mãe é capaz de compreender quase magicamente tudo o que o bebê necessita. É como se eles fossem dois em um. Devo ressaltar aqui, que estou me referindo a uma relação, em que o bebê é cuidado pela própria mãe, de forma suficientemente boa. Existem casos diferentes, que requerem uma atenção especial como por exemplo, filhos de casais homossexuais, famílias constituídas apenas pela mãe, ausência materna, entre outros. Mas apenas para efeito ilustrativo, exemplifico com um caso de maternagem clássica.

     

    Se tudo correu bem, ao longo de quatro meses, a mãe é capaz de conhecer o suficiente bem o seu filhinho ao ponto de diferenciar seus diversos choros, movimentos, balbucios e atender de maneira satisfatória ao que ele necessita.

     

    Devido ao fato de ela conhece-lo bem, torna-se difícil delegar essa função materna. Vejo que muitas mães sofrem demasiadamente, justamente por não conseguirem confiar nos cuidados que terceiros possam prestar ao seu bebê.

     

    O retorno ao trabalho, requer planejamento e organização de uma logística que a mãe deve programar antecipadamente para que tudo se mantenha semelhante aos cuidados que ela estabelece.

     

    A definição de quem cuidara dele, do local onde ficará, deve ser planejada com certa antecedência para que seja feita uma adaptação e preparo do ambiente, com o intuito de que ele sinta o mínimo possível o afastamento da mãe.

     

    Algumas famílias optam por deixar o bebê em berçário ou creche, enquanto outras contratam uma babá, a fim de que o bebê não saia do ambiente do qual ele já esta acostumado, outras optam por deixar na residência de avós ou familiares. Podem existir muitas alternativas, mas todas devem ser analisadas com cuidado para que o melhor seja feito, considerando cada bebê e cada família.

     

    Após decidir onde o bebê ficará enquanto sua mãe trabalhe, a logística de cuidados também deve ser organizada. É muito importante que o ambiente não mude tão rapidamente e que seja feita uma adaptação com antecedência. Enfim, o mais importante de tudo isso é que a mãe sinta-se segura na sua decisão e tente retornar ao trabalho com tranqüilidade.

     

    O retorno ao trabalho em muitos casos, acaba sendo mais difícil para a mãe do que até mesmo para o bebê, pois ela devera se dedicar ao trabalho e também aos cuidados com o seu filho. Algumas crianças sentem mais essa separação, podendo até mesmo modificar alguns comportamentos. Podem alterar o sono, ter pesadelos, ficar mais inseguras ou irritadiças, chorar com mais facilidade, se recusar a comer, entre outros sintomas. Em pouco tempo, tudo deve se regularizar, contudo, se estes sintomas persistirem, e prudente rever e quem sabe buscar orientação de profissionais com a finalidade de avaliar o que pode ser revisto para que todos, e principalmente, o bebê fiquem bem. 

     

    Dra. Cynthia Boscovich

     

    Fonte: Materlife abril/2014

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