Angustiante espera por consulta com especialistas

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Mesmo com mais de mil intercambistas vindos ao Estado pelo programa Mais Médicos, os problemas de atendimento seguem inalterados, aos menos para quem pretende consultar com especialistas. Em Porto Alegre, uma consulta pelo SUS pode demorar dois anos ou ate mais, dependendo da especialidade. É o que mostra reportagem publicada no jornal Zero Hora no dia 20 de junho.

 

De janeiro a março, segundo último levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES), houve um aumento de 2,3% na demanda de pacientes do Interior para atendimento em hospitais da capital. No início do ano, havia 172 mil pessoas na fila de espera. Três meses depois, o número superava os 176 mil.

 

A demora para atendimento em Porto Alegre atinge dois anos, sobretudo em especialidades como ortopedia, proctologia e reumatologia. Segundo o jornal, a dona de casa Eliane de Souza Pinto, 50 anos, de Campo Bom, no Vale do Sinos, esperou por 25 meses até conseguir, em maio deste ano, uma consulta com ortopedista em Porto Alegre – referência para o município na especialidade.

 

O aumento na demanda e a redução da oferta estão entre as explicações para a longa fila. A SES afirma que desde a informatização do sistema, em 2011, e consequente cruzamento de dados, 4 mil consultas foram disponibilizadas a mais em hospitais de Porto Alegre – onde 55% dos atendimentos são para residentes.

 

A secretaria admite, porém, desconhecer a demanda reprimida que busca atendimento em outros centros de referência no Estado, já que só faz a regulação dos atendimentos oferecidos a não residentes da Capital. Nas demais cidades é responsabilidade de cada município gerenciar a sua demanda local, inclusive, com preenchimento das agendas via sistema do Complexo Regulador Estadual.

 

De acordo com um levantamento feito pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a pedido do Ministério da Saúde, a explicação para as longas filas está justamente na regulação fragmentada, pois cada uma das 19 Coordenadorias Regionais de Saúde têm regras próprias. A ausência ou a deficiência do atendimento ambulatorial da rede básica (consulta com clínico geral ou mesmo com algumas especialidades) também é problemático.

 

Para a entidade, a estruturação dos hospitais regionais, conforme o perfil epidemiológico de cada região, seria uma das maneiras para sanar o problema da longa fila de espera.

 

Veja quatro razões pelas quais a fila é tão longa

 

Regulação fragmentada

O Estado é divido em 19 Coordenadorias de Saúde e cada uma tem autonomia. Segundo o TCU, esse é um gargalo que deve ser unificado já que as listas de espera de cada uma estão sujeitas a alterações aleatórias.

 

Saúde Básica deficiente

A deficiência no atendimento da saúde básica e a falta de médicos especialistas nos municípios contribuem para a superlotação dos hospitais e para as filas de espera, de acordo com o TCU.

 

Poucos ortopedistas

A longa espera por ortopedista é explicada em parte pela quantidade reduzida de médicos com essa especialidade no Estado. Em todo o RS há 816 especialistas na área.

 

Redução de leitos

Em duas décadas o Rio Grande do Sul reduziu em 33,9% os leitos hospitalares pelo SUS. Em 1993 o Estado tinha 35.061 leitos contra 23.487 em 2013. Na Capital o percentual de redução é maior, chegando a 35,7%. Ano passado eram 5.590 leitos ante 8.698, em 1993.

 

Fonte: Revista CREMERS jun/2014

 

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