Interpretando a Declaração da OMS sobre Taxas de Cesáreas

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    A OMS publicou em 2015 uma Declaração sobre Taxas de Cesáreas. A declaração foi bastante comentada no país. No entanto, muitas pessoas se restringem a ler apenas o resumo do texto e podem acabar tirando conclusões distorcidas e diferentes do que realmente está escrito por lá. Por isso, o Blog Visão de Ilitia vai explicar para você, gestante, o que verdadeiramente diz a Declaração da OMS sobre Taxa de Cesáreas.

     

     

    1. Logo no título, a OMS define sua posição de que esforços devem ser concentrados para garantir que as cesáreas sejam feitas quando necessárias. No entanto, deixa claro também que a definição de taxas-alvo de cesarianas deve ser evitada:

     

     

    2. O resumo inicial relata a importância da cesariana na redução da morbimortalidade materna e perinatal quando realizadas por motivos médicos, ressalva que, como qualquer cirurgia, pode acarretar em riscos e que esses riscos são maiores para mulheres com acesso limitado a cuidados obstétricos adequados:

     

     

    3. Num outro momento do texto, a OMS, ainda aponta que além da questão do risco do procedimento cirúrgico, existe a questão política, e que o procedimento da cesariana aumenta em muito o custo da saúde, principalmente para aqueles países que apresentam dificuldades no seu sistema de saúde:

     

     

    4. A OMS, então, foi a procura de um valor ideal do número de cesáreas:

     

     

    5. Apesar da dificuldade de se estabelecer uma taxa minimamente segura de cesáreas e que evite procedimentos desnecessários, a OMS afirma que a definição desse número não pode ser estendida às unidades hospitalares individualmente devido às diferenças de público atendido, de protocolos seguidos e de recursos disponíveis em cada local:

     

     

    6. A OMS, então, realizou uma revisão sistemática das taxas de cesarianas e mortalidade materna e neonatal de diversos países e concluiu que:

     

     

    7. Perceba que, como os estudiosos já haviam alertado anteriormente, o valor de 10 a 15% de cesáreas é um valor mínimo. Portanto, taxas de cesarianas abaixo desse valor é que estão correlacionadas com aumento de mortalidade:

     

     

    8. Para valores de cesáreas situados entre 10 e 30% não há efeitos sobre a mortalidade:

     

     

    9. E para valores acima de 30%:

     

     

    10. O texto ainda reitera a importância da influência dos aspectos socioeconômicos e da qualidade da assistência à saúde como fatores causais de mortalidade que estariam sendo atribuídos às cesáreas:

     

     

    11. E finalizou que, apesar de fundamental quando se leva em consideração o indivíduo e não a população, essas pesquisas não levaram em consideração aspectos psicológicos e sociais relacionados ao parto:

     

     

    Quem lê somente o resumo ou a conclusão final da Declaração pode acabar interpretando de maneira incorreta o que está disposto no texto. Em termos de saúde pública, quando se pensa em uma população como um todo, o número de cesáreas precisa ser reduzido. A questão do custo se faz relevante principalmente em países pobres, pois o dinheiro economizado na redução do número de partos cirúrgicos pode ser utilizado para outros tipos de melhorias de saúde para a própria população. Cesarianas consecutivas elevam o risco para partos posteriores, o que faz com que mulheres de países sem histórico de planejamento familiar fiquem expostas a um risco maior.

     

     

    No entanto, não está correto quem afirma, a partir desta Declaração, que existe uma correlação de causa entre aumento de taxa de cesariana e aumento de mortalidade materna e neonatal. Na realidade, o que o texto fala é que valores muito baixos de cesáreas (menores que 10 a 15%) se relacionam a aumento de mortalidade.

     

     

    Também não está correto, pelo menos do ponto de vista da OMS, quem estipula taxas de cesarianas como teto máximo de realização do procedimento. Primeiro porque a organização desencoraja o estabelecimento de taxas-alvo, segundo por existir diferenças de população atendida e de estrutura nos diversos hospitais e unidades de saúde e, principalmente, pelo risco de se elevar a mortalidade materna e neonatal ao se estipular como máxima, a taxa mínima de cesáreas recomendada pela OMS.  

     

    Assim terminamos este texto colocando que a Visão de Ilitia é a favor do parto normal, mas também a favor de cesarianas bem indicadas e eletivas a pedido da mulher. Somos mulheres com nossas histórias e vivências e não taxas e índices.

     

    Fonte: www.visaodeilitia.blogspot.com.br

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