Certamente, você já reclamou disso, pelo menos uma vez na vida. Pois fique sabendo que não esta sozinho: mais de 90% das pessoas do mundo terão dor de cabeça, em algum momento. Quem diz isso é neurologista Ricardo Santin, especialista no assunto. A dor de cabeça afeta a todos, independentemente de idade, sexo, raça ou estilo de vida, e é sintoma de uma doença crônica chamada cefaléia. Mas a boa noticia, segundo informa o neurologista, é que tem tratamento e controle. Então, vamos conhecer e vencer a cefaléia?
De acordo com o neurologista Ricardo Santin, existem mais de 200 tipos de dor de cabeça: “Estas podem ser primarias ou secundarias, conforme a publicação ‘Classificação Internacional das Cefaléias’, que reúne todo o conhecimento cientifico existente sobre o tema”. O medico explica que a classificação da cefaléia se da através dos sintomas: “A enxaqueca, por exemplo, é um tipo de cefaléia primaria, isto é, quando a própria doença é a dor de cabeça, exacerbada por fotossensibilidade (luzes), barulho, cheiros (como o de gasolina), causando náuseas e vômitos”.
- No caso de dores de cabeça persistentes, o melhor é o seguinte: procurar um especialista, investigar o tipo de cefaléia, tratar com medicamentos e mudar hábitos de vida. Em alguns casos, exames diagnósticos mais detalhados são necessários. Mas anime-se: sempre é possível tratar, reduzir a freqüência e a intensidade das crises, e, principalmente, viver sem dor de cabeça.
Crises menos frequentes e de menor intensidade
As cefaléias primárias são crônicas. Portanto, não tem cura. Mas tem tratamento, no sentido profilático, e é possível aprender a reconhecer os sinais de uma crise, e a minimiza-las ao máximo. O médico explica que o primeiro passo é procurar um neurologista ou um cefaliatra – especialidade que trata especificamente as cefaléias.
“Nos casos de mais de três crises por mês, o tratamento cresce em abrangência, pois o objetivo é sempre evitar a dor”, garante. A dor, em geral, é incapacitante, para o trabalho ou vida social. “Existem pessoas que sofrem de cefaléia por anos e não tratam. E poderiam ter uma vida com melhor qualidade tratando a doença, pois o foco do tratamento e reduzir a freqüência e a intensidade das crises”, esclarece Santin.
Cefaléias mais comuns
• A cefaléia tensional é a mais comum e esta relacionada com estresse do dia a dia. É a que acomete a quase todas as pessoas e pode ser causada por fatores de tensão ou mesmo por estar de estômago vazio. Geralmente, causa dores de fraca a moderada intensidade e alivia com analgésicos simples.
• A enxaqueca também é comum e acomete até 18% das mulheres. Tem componentes genéticos, vasculares, inflamatórios e neuronais, sendo que as crises se exacerbam pela sensibilidade a luz, ao barulho ou a aromas. “Embora ainda não haja confirmação sobre fatores hormonais, muitas mulheres tem enxaqueca apenas na fase menstrual”, diz o neurologista. A enxaqueca é mais prevalente em mulheres, no índice de 3 por 1.
• As cefaléias em salvas são mais raras que as anteriores. Muito intensas, acometem geralmente homens de meia-idade e surgem em períodos similares, mantendo cronologia e freqüência. “Esta ciclicidade denota variações no hipotálamo. Aparecem ao longo do ano, seja no início das estações ou, até mesmo, em períodos diários, por exemplo, nas manhas ou a noite”, assegura Ricardo Santin,
Como tratar a cefaléia?
“Identificando-se o tipo, através da classificação internacional das cefaléias, vemos a necessidade – ou não – de exames mais aprofundados de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética”, diz o neurologista. Nos casos de cefaléias primarias, conhecer os fatores precipitantes também é fundamental. Dai o tratamento abrange medicamentos, para evitar a dor e mudanças no estilo de vida:
“No caso das cefaléias em salvas, evitar o tabagismo é fundamental”, exemplifica Santin, observando que, no caso das enxaquecas, a relação com a rotina é direta: “Dormir pouco ou descuidar da alimentação também são fatores precipitantes. Existem pessoas cujas enxaquecas estão diretamente ligadas à ingestão de bebidas alcóolicas, chocolates e queijos”.