Tire suas dúvidas sobre a biópsia embrionária

16

Durante o processo de reprodução assistida, são comuns várias dúvidas entre os pacientes. Um desses casos é a biopsia embrionária, que promove a análise genética dos embriões. Para lhe ajudar, as embriologistas Alice Ribeiro e Andréia Ferreira, do Laboratório de Embriologia do Fertilitat, respondemalgumas das principais questões. Confira!

Quantos dias depois da inseminação é feita a bíópsia nos embriões?
A biópsia é a retirada de algumas células do embrião, que serão enviadas para análise. É realizada geralmente entre o quinto e o sexto dia de desenvolvimento, quando o embrião atinge a fase de blastocisto

O embrião é enviado ao laboratório que faz a análise?
Não, apenas as células retiradas na biópsia são enviadas ao laboratório para análise genética. Após a bíópsia, o embrião é imediatamente congelado e fica no laboratório da clínica.

Quais células do embrião são retiradas na biópsia?
O blastocisto tem dois grupos de células: um que vai formar o embrião, chamado de massa celular interna (ICM, também conhecida como embrioblasto); e outro que vai formar os anexos embrionários (placenta, etc), chamado de trofectoderma. As células embrionárias que serão analisadas são retiradas do trofectoderma. O embriologista faz uma abertura na zona pelúcida (envoltório do embrião) com laser e, através dela, aspira, com uma pipeta, as células que serão enviadas para exame.

A biópsia identifica todas as doenças?
Não. Os testes genéticos pré-implantacionais para aneuploidias (PGT-A) e translocações (PGT-M) identificam as doenças cromossomicas, que podem ser incompatíveis com a vida, provocar abortamento ou sindromes. Já o teste genético pré-implantacional para doenças monogénicas (PGT-M) previne a transmissão de enfermidades presentes na familia (como fibrose cistica, distrofias musculares, entre outras), identificando os embriões saudáveis para a gravidez. Mas há várias doenças que os testes não têm capacidade de detectar.

Autismo é detectado na biopsia?
Não. A maioria dos casos do transtorno do espectro autista é de origem multifatorial, envolvendo diferentes mutações em diferentes genes (doença poligénica) em conjunto com fatores externos, como o ambiente e exposição a substâncias tóxicas. Atualmente, as técnicas disponíveis de diagnóstico genético para a população brasileira só permitem o diagnóstico de doenças monogenéticas, ou seja, que afetam um único gene.

A biopsia corrige possíveis erros do embrião?
Não. A biopsia identifica alterações cromossómicas numéricas (PGT-A), translocações cromossómicas (PGT-SR) e mutações associadas a doenças previamente identificadas no casal (PGT-M), mas não as trata. As alterações são detectadas antes da transferência do embrião para o útero materno, o que permite decisões informadas e maior chance de gestação viável.

Fonte: Revista Fertilitat

Artigo anteriorComo a gastronomia saudável pode ajudar na fertilidade
Próximo artigoA arte de equilibrar a maternidade e a carreira