Setembro Amarelo – Mês de prevenção ao suicídio quebra tabu e amplia debates

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A sociedade ocidental encara a morte como um tabu. O delicado assunto costuma ser tratado em voz baixa, com muitos eufemismos e grande carga religiosa. De preferência, em ambiente hospitalar. Mesmo os médicos, com seu extenso treinamento sobre a natureza finita da humanidade, muitas vezes consideram como fracasso a perda de um paciente, carregando consigo a responsabilidade por uma luta impossível de ser vencida.

 

A morte autoinfligida ultrapassa o status de tabu: o instinto humano é pela preservação da vida a qualquer custo, como pode alguém tirar a própria? Respostas a esse questionamento são abafadas pelo silêncio, como se ele fosse capaz de fazer o problema desaparecer. Para romper esse ciclo, entidades ligadas ao tema promovem o Setembro Amarelo, mês de conscientização e prevenção ao suicídio.

 

A campanha, criada pela Organização Mundial d Saúde (OMS), foi trazida para o Brasil há três anos pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), e conta com a adesão de entidades como CFM, AMB, Fenam e Centro de Valorização da Vida (CVV). A meta da iniciativa é combater o estigma que envolve o tema, trabalhando juntamente com a mídia para informar a população  promover o debate.

 

DIÁLOGO

 

O diálogo pode evitar um suicídio. O diálogo pode acabar com o estigma do medo, da vergonha e do preconceito que envolvem o assunto. O Setembro Amarelo alerta a população para a importância de identificar condutas que possam indicar comportamentos suicidas. Médicos também têm seu papel reforçado na campanha, intensificando a preocupação com o correto diagnóstico da depressão e outros transtornos mentais.

 

Não somente o potencial suicida precisa de ajuda, mas famílias que sobrevivem a esse trauma também. A iniciativa busca conscientizar a população de que existe socorro e ele pode ser buscado de várias maneiras – sempre envolvendo o diálogo.

 

 

o CVV é uma das entidades mais engajadas no assunto, dedicando-se exclusivamente a oferecer apoio emocional e prevenção do suicídio há 54 anos. Os atendimentos são eminentemente telefônicos (no RS, pelo número 188), mas também podem ser realizados por e-mail, site (www.cvv.org.br) chat, carta, Skype ou pessoalmente, em uma das 72 unidades espalhadas pelo país. Todas as formas de comunicação preservam o sigilo.

 

NÚMEROS

 

• 32 brasileiros se suicidam por dia, taxa superior às vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer.

• O Rio Grande do Sul contabiliza mais de mil mortes por suicídio a cada ano, conforme dados do Ministério da Saúde. A maioria das vítimas são homens ntre 40 e 59 anos.

• Quase todos os suicídios envolvem algum diagnóstico de transtorno mental: 96,8% dos casos. 35,8% sofriam de transtornos de humor (depressão e transtorno bipolar são os mais comuns); 22,4% tinham histórico de abuso de álcool e drogas; 10,6% sofriam de esquizofrenia, segundo a ABP.

• De 15% a 25% das pessoas que tentam suicídio cometem nova tentativa no ano seguinte e 10% delas conseguem se matar nos 10 anos seguintes, de acordo com o Guia de Prevenção ao Suicídio editado pela Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, em parceria com o Ministério da Saúde.

 

NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA

 

A tentativa de suicídio consta na Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, conforme a Portaria 1.271, de 6 de junho de 2014, do Ministério da Saúde. O médico tem a obrigação legal de notificar as autoridades de saúde sobre os casos que atender em até 24 horas do primeiro atendimento, pelo meio mais rápido disponível.

 

Fonte: Revista Cremers

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