Os riscos da copa do Mundo à saúde

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    Dr.Jessé Reis Alves Dr.Jessé Reis Alves

     

    Como já observado em eventos esportivos anteriores, a tão esperada Copa do Mundo, que vai começar em junho, no Brasil, poderá acarretar um aumento de doenças infectocontagiosas e das DSTs, incluindo a hepatite B, devido ao maior estímulo ao turismo sexual. É possível ainda que o contato com patógenos importados cresça no período do mundial, dado o afluxo de turistas internacionais e de migrações dos próprios brasileiros pelas diversas localidades do País, contribuindo para a disseminação de enfermidades.

     

    O sarampo chama a atenção porque sua incidência foi elevada nas duas últimas copas, em 2006 e em 2010, que, aparentemente, estiveram ligadas ao crescimento do enumero de casos entre brasileiros naqueles períodos. Ademais, o genótipo D8 do vírus está agora circulando na Inglaterra, nos EUA, no Canadá e na China e, como se não bastasse, só neste ano o Brasil registrou mais de 70 casos da doença até a primeira semana de fevereiro, a maioria no Ceará.

     

    Esse histórico ressalta a importância da vacinação com a tríplice viral. A aplicação é feita a partir de 1 ano de vida e pode ser antecipada se houver viagem para locais de surto. Devem-se garantir duas doses para crianças e adolescentes, enquanto, para adultos nascidos após 1960, basta uma dose, com, pelo menos, 15 dias de antecedência.

     

    Uma que vez que a Copa do Mundo 2014 ocorrera em pleno inverno, não é exagero recomendar a prevenção da gripe pela vacina, notadamentepara os torcedores que já tenham afecções crônicas ou que estejam em faixas etárias em que habitualmente se preconiza a imunizacão.

     

     

    Febre amarela e malária

     

    Em determinados pontos do Brasil, há também maior prevalência de febre amarela e malária. O risco da primeira é conhecido nas matas e regiões rurais de grande parte do território nacional, incluindo as do Sudeste e do Sul. Sobretudo os viajantes brasileiros precisam ficar alertas sobre a necessidade da vacinação, caso queiram fazer turismo para áreas não urbanas das cidades-sede dos jogos.

     

    Já Estados como Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão configuram região endêmica de malária. A cidade de Manaus, em especial, permanece registrando milhares de casos por ano. Assim, é imperativo considerar essa hipótese diagnóstica diante de pacientes que retornem com febre desses locais.

     

    Convém ainda mencionar que moléstias transmitidas por água e alimentos tornam-se relevantes num contexto de negligência com as condições de higiene, típico de grandes eventos esportivos, implicando maiores cuidados com a alimentação e com a procedência da água. A hepatite A, cuja incidência é moderada a elevada nos Estados do Norte e do Nordeste, constitui exemplo de doença de transmissão enteral, que, contudo, pode ser imunoprevenida.

     

    Por fim, há atualmente a chance de maior ocorrência da Chikungunya, doença ocasionada por um arbovírus do gênero Alphavirus (Togaviridae) e transmitida pelo mesmo mosquito vetor da dengue. Há casos relatados no Brasil, ocorridos em pessoas que viajaram para a Ásia, onde o agente esta bastante presente, e voltaram infectadas. O que preocupa, no entanto, é a possibilidade de a infecção ser confundida com a dengue devido a semelhança de sintomas na fase aguda, embora ela se apresente de modo mais arrastado e debilitante.

     

    Diante dessas possibilidades, é fundamental aproveitar o contato com os pacientes para orientá-los a manter as vacinas em dia para casos de surtos, usar repelente, imunizar-se contra a febre amarela até dez dias antes da viagem para regiões de risco, utilizar preservativo em todas as relações sexuais, aumentar o rigor com a higiene das mãos e tomar cuidado com a água e os alimentos a ser consumidos. As recomendações valem para todas as pessoas, mas as que terão contato mais direto com os turistas, como motoristas de taxi e funcionários de hotéis, restaurantes e pousadas, e os indivíduos que trabalharão nos estádios e na organização do evento merecem maior atenção.

     

    Fonte: Revista Fleury

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