Mudanças hormonais: ciclos naturais da vida

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Nossa vida se desenvolve em ciclos, cada um com suas características e desafios. Crises, alegrias, obstáculos e aprendizados fazem parte desse processo, assim como alterações físicas, psicológicas e emocionais que vão moldando nossa forma de interagir com o mundo. Quando atingimos a maturidade e conforme vamos envelhecendo, com o natural passar do tempo, ocorrem mais mudanças e uma delas é a hormonal, quando o organismo vai deixando de produzir hormônios. É a menopausa para as mulheres e chamada andropausa, para os homens. Mais um estágio da vida, a ser vivenciado com positividade e autoestima!

 

“O climatério, palavra grega que significa degrau de uma escada, é definido pela Organização Mundial da Saúde como uma fase biológica da vida e não um processo patológico que compreende a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da vida da mulher.

 

A menopausa é um marco dessa fase, somente reconhecida depois de passados meses da sua ocorrência e acontece geralmente em torno dos 48 aos 50 anos de idade. É aquele ponto no tempo em que ocorre uma cessação permanente da menstruação.” A observação da ginecologista Rosilene Jara Reis pontua claramente a menopausa como mais um ciclo da vida.

 

A médica explica que, através da história, muitas condições físicas e mentais foram atribuídas à menopausa: “Porém dados atuais têm mostrado que o aumento dos sintomas e problemas da mulher neste período reflete circunstâncias sociais e pessoais e não somente eventos endócrinos do climatério e menopausa”.

 

Ela ressalta que o climatério não é uma doença e sim uma fase natural da vida da mulher, e muitas passam por ela sem queixas ou necessidade de medicamentos: “Outras têm sintomas que variam na sua diversidade e intensidade. No entanto, em ambos os casos, é fundamental que haja, nessa fase da vida, um acompanhamento sistemático visando à promoção da saúde, ao diagnóstico precoce, ao tratamento imediato dos agravos e à prevenção de danos”.

 

Mais um ciclo da vida

 

Envelhecer significa, entre outras coisas, tornar visível a passagem do tempo, que é inexorável para homens e mulheres. “A relação estabelecida entre mulher-beleza-juventude no imaginário da sociedade ocidental está associada à saúde. Além do fato concreto da interrupção dos ciclos menstruais, as mulheres nessa fase podem apresentar aumento das taxas de colesterol, doenças cardiovasculares, diabetes mel/itus, neoplasias benignas e malignas, obesidade, distúrbios urinários, osteoporose e doenças autoimunes. Esses agravos, que não apresentam relação direta com a diminuição da função ovariana, podem, no entanto, provocar uma mudança na imagem que a mulher tem de si, levando-a à insegurança e ansiedade.”

 

Por isso, é bom estar atento ao fato de que tais fatores, aliados a predisposições biológicas ou problemas de ordem subjetiva e social, podem evoluir qradualrnente para um processo de depressão. “Os profissionais de saúde exercem importante função no atendimento dessas mulheres, sendo necessário que tenham esses aspectos em mente, qualifiquem sua escuta, acolham as queixas e estimulem a mulher a investir em si própria, no seu autocuidado e a valorizar-se. Devem contribuir para que cada mulher exerça o protagonismo de sua história de saúde e de vida”, assegura a médica.

 

E na andropausa, o que acontece com o homem?

 

Segundo o urologista Marcus Falcão Bohmgaren, “o termo andropausa é inadequado e biologicamente incorreto, uma vez que o homem, ao contrário da mulher que apresenta falência da produção hormonal, produz hormônio masculino por toda a vida”.

 

A nomenclatura correta, aceita pela Sociedade Brasileira de Urologia, é Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino – DAEM.

 

O homem sofre uma diminuição dos níveis do hormônio masculino com a idade, porém de forma mais lenta do que a mulher. O médico explica que aproximadamente 8% dos homens entre 40 e 49 anos têm níveis de testosterona abaixo do normal, sendo que esse índice pode chegar a 26% dos homens entre 70 e 79 anos, e 49% dos homens acima dos 80 anos.

 

Como identificar este distúrbio?

 

O Dr. Marcus afirma que o diagnóstico é baseado em sintomas clínicos e avaliação laboratorial. Entre os mais comuns da DAEM, estão a diminuição do desejo sexual, a disfunção erétil, alterações do humor e da atividade intelectual; fadiga, insônia, diminuição de massa muscular, perda de pelos do corpo e aumento de gordura abdominal também podem ser listados. “No entanto, devemos registrar que estes sinais e sintomas muitas vezes podem também acompanhar outras condições clínicas, como depressão, algumas doenças neurológicas ou uso de determinadas medicações”, alerta.

 

Entre os fatores de risco para a DAEM estão a obesidade, tabagismo, alcoolismo, síndrome metabólica-hiperlipidemia + Diabetes Mellitus, sedentarismo e uso de algumas medicações. O tratamento indicado, conforme o médico, é a reposição hormonal.

 

Fonte: Revista Saúde | edição 93

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