O presidente do Cremers, Rogério Wolf de Aguiar, acompanhou de perto o lançamento do Mais Médicos, há dois anos, e reagiu contra o programa principalmente porque ele descumpria a legislação brasileira ao permitir o trabalho médico de profissionais oriundos do exterior sem necessidade de revalidação do diploma.
Até hoje, apesar de inúmeras iniciativas políticas e judiciais do Cremers, CFM e outras entidades, não se sabe ao certo a real formação dos profissionais contratados, em especial os que vieram de Cuba e que constituem a grande maioria do contingente do programa. “O Ministério da Saúde tomou para si o registro desses intercambistas”, comenta o presidente do Cremers, que faz uma avaliação do programa que custou mais de R$ 5 bilhões aos cofres públicos:
“Nesses dois anos do programa Mais Médicos, infelizmente, está claro que não ocorreram melhorias na saúde. Continuam as mazelas, as deficiências da atenção à saúde pública no Brasil. Seguem as emergências tao ou mais superlotadas, a carência crítica de oferta de leitos hospitalares em relação à demanda e uma acentuada e crônica insuficiência na atenção básica, tanto nos grandes centros quanta nas regiões mais longínquas.
Outro drama é o que envolve as pessoas que continuam aguardando anos e anos por uma cirurgia ortopédica, como cotidianamente se vê nos veículos de comunicação, sem que se perceba qualquer sinal de alteração nesse quadro. Pelo contrário, o que está claro é que a situação vai se agravando cada vez mais. É absolutamente notório, explícito, que essa politica de restrição de verbas está levando ao cancelamento de procedimentos clínicos e cirurgias eletivas.
Sem contar o encerramento das atividades de um número significativo de alas inteiras e de hospitais, e de UPAs que foram inauguradas e seguem sem funcionar. Diariamente, tomamos conhecimento no Conselho de Medicina de fatos que demonstram a aceleração impressionante do ritmo dessa crise hospitalar e ambulatorial. Só podemos concluir que o investimento de verbas feito pelo governo federal no programa Mais Médicos não trouxe os benefícios anunciados, até porque uma boa parte dos recursos aplicados não ficaram em nosso país”.
Fonte: REVISTA CREMERS – junho 2015