Hepatite C é mal invisível para brasileiros

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    Para marcar o Dia Mundial das Hepatites, 28 de julho, as Sociedades Brasileiras de Hepatologia (SBH) e Infectologia (SBI) apresentaram pesquisa inédita, realizada pelo Instituto Datafolha, sobre Hepatite C. “A pesquisa nos revelou que grande parte da população desconhece os detalhes da doença, ou seja, de que maneira acontece o contágio, como pode ser transmitida e qual é o tratamento. Este é um problema grave até para o âmbito social, já que quem porta o vírus costuma sofrer discriminação. A Hepatite C ainda é muito relacionada à vida desregrada no imaginário popular”, comentou o presidente da SBH, Edison Parise.

     

    “O Ministério da Saúde aprovou, recentemente, a entrada de novos medicamentos para o tratamento da Hepatite C que irão ajudar muito. O novo método é mais curto, traz maior tolerabilidade ao paciente e é muito mais eficiente – além de mais barato. Estimamos que a chance de erradicar o vírus do portador seja de cerca de 90% desta maneira”, argumentou o presidente da SBI, Erico Arruda. Para ele, estes fatores irão fazer com que o sistema, inclusive, suporte a alta da demanda prevista após a campanha de conscientização.

     

    Além de Parise e Arruda, o ex-secretário estadual de Saúde de São Paulo, Giovanni Guido Cerri, participou da entrevista coletiva à imprensa para divulgação dos dados da pesquisa. Os três também anunciaram a criação de uma força-tarefa para estimular os médicos de todas as especialidades a solicitarem exames para o diagnóstico da Hepatite C. O dia 28 de julho ainda marcou o lançamento de uma campanha para detecção e avaliação da doença em unidades móveis no estado de São Paulo.

     

    Números alarmantes

     

    As estimativas apontam que há, no Brasil, cerca de dois milhões de pessoas infectadas. O grande entrave, no entanto, é que apenas 25% destas pessoas sabem que portam o vírus e desconhecem, inclusive, que se enquadram no perfil dos possíveis portadores. Hoje, a grande maioria dos acometidos está na faixa dos 40 anos ou mais, sem diferença de gêneros em sua incidência.

     

    O presidente da SBH reforça a gravidade que o quadro clínico pode atingir. Se não tratada corretamente, a doença evolui de forma silenciosa para manifestações graves como cirrose e câncer de fígado, com morbidades variadas e altas taxas de mortalidade. “Espera-se para os próximos anos um aumento de 95% destes casos no País. Por isso, estamos tomando providências urgentes para tentar reverter este quadro”, completou Parise.

     

    “O desconhecimento da população sobre este vírus tem um custo altíssimo aos brasileiros. Primeiro no âmbito social, já que o agravamento da doença pode resultar em afastamentos longos. O segundo é o âmbito financeiro: o país gasta muito com tratamentos de alta complexidade, quando – se houvesse um trabalho de prevenção maior – poderia alocar estes recursos em outras áreas. Desta maneira, esperamos que médicos, profissionais, sociedade e gestores entendam a gravidade do tema e o passem adiante”, finalizou Cerri. 

     

    Guilherme Almeida

     

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