Dra. Ana Luiza Berwanger, ginecologista do Fertilitat
São muitos os fatores que influenciam na chance de engravidar, tanto naturalmente, quanto através de reprodução assistida. O controle que temos do processo de fato é limitado, de modo que vale investir em tudo que se pode voluntariamente otimizar. Mas o que realmente impacta na taxa de fertilidade de um casal?
Peso e atividade física: o aumento da gordura corporal influencia tanto para a mulher quanto para o homem. A metabolização hormonal
passa pelo tecido adiposo, podendo impactar no ciclo menstrual, na produção e na qualidade espermática. A desnutrição também é deletéria, principalmente para a mulher. Já o sedentarismo comprovadamente piora o metabolismo como um todo, afetando a produção de hormônios reprodutivos. Por outro lado, a prática de exercícios extenuantes pode ter o mesmo grau de dano. Para os homens, recomenda-se evitar exercícios de alto impacto. Para a mulher, é essencial equilibrar ganho e gasto calórico.
Sone: a quantidade e a qualidade do sono podem influenciar no desempenho dos gametas (óvulos e espermatozoides), principalmente para o homem. Dormir pouco ou mal pode influenciar na chance de engravidar.
Álcool: o consumo de álcool regular ( 3x por semana) ou em grande quantidade pode piorar o metabolismo celular, principalmente em relação ao esperma. O uso de destilados, em especifico, deve ser evitado totalmente pelo homem.
Tabagismo: para as mulheres, o tabaco diminui consideravelmente a reserva de óvulos, além de ter associação com taxas diminuidas de fertilidade e aumentadas de gravidez ectópica, pelo pior desempenho das trompas. No homem, associa-se à piora do espermograma, assim como da qualidade dos espermatozoides.
Alimentação: estudos recentes têm apontado a dieta mediterrânea, rica em grãos, castanhas e peixes, como a que meis favorece a fertilidade do casal. Antioxidantes também são aliados da gravidez. Não existe fórmula ideal para todos, sendo fundamental a individualização, evitando alimentos ricos em gorduras trans, processados e ultraprocessados. Lembrando que a suplementação de vitaminas deve ser a exceção, e não a regra, pois não substitui uma boa dieta.
Uso de hormônios: o uso indiscriminado de hormônios tem gerado grande preocupação à comunidade médica. Anabolizantes, “chips” e
implantes, dentre outros, vêm sendo utilizados de forma insegura. O uso da testosterona nos homens, por exemplo, cessa a produção de espermatozoides, efeito que pode ser irreversível em até 20% dos casos.
Em qualquer tratamento de saúde, a atenção com os hábitos de vida é fundamental. Para quem quer engravidar, manter um dia a dia saudável deve ser prioridade. Mesmo para os pacientes submetidos à fertilização in vitro, esses cuidados são primordiais, já que a
tecnologia não melhora os gametas, tampouco o metabolismo e o ambiente uterino.
Fonte: Revista Fertilitat