Estudo sobre gasto per capita repercute

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    Mais de 300 reportagens mostraram o impacto do baixo financiamento do SUS na vida da população

     

    O levantamento sobre o gasto per capita em saúde, realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em parceria com a ONG Contas Abertas, foi apontado por jornalistas e gestores públicos como um termômetro importante da precariedade que afeta o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o estudo, divulgado na última edição do jornal Medicina, em 2014 os governos federal, estaduais e municipais aplicaram por dia R$ 3,89 per capita para cobrir as despesas de saúde dos brasileiros.

     

    Na administração pública, os números foram avaliados especialmente por secretários municipais e estaduais de saúde. Na análise de Gemil de Abreu Júnior, secretário de Saúde do Acre – uma das unidades da federação que mais gastaram com saúde –, os resultados do estado fazem parte de um esforço mantido pela equipe, com ações que vão desde a humanização até a melhoria nos atendimentos e nos serviços ofertados.

     

    Já o secretário de Saúde do Mato Grosso do Sul, Nelson Tavares, confirmou que os investimentos em saúde eram baixos e falou sobre as ações desenvolvidas, desde o ano passado, para melhorar o atendimento. “A partir de 2015, passamos a investir 12% do orçamento do estado em saúde. Melhorou bastante, porque antes realmente eram baixos”, declarou à imprensa local. Em 2014, o gasto per capita no MS  ficou em apenas R$ 0,80 ao dia.

     

    Em Teresina (PI), onde o gasto per capita atingiu um dos maiores valores entre as capitais (R$ 2,91 ao dia), o secretário municipal de saúde, Aderivaldo Andrade, destacou que nos últimos sete anos houve diminuição progressiva na proporção de internações por condições sensíveis à atenção básica em Teresina. “Isso indica maior resolutividade dos casos levados à atenção básica e expressa melhorias no nível primário da saúde na cidade de Teresina”, explicou.

     

    Cobertura – O estudo ganhou destaque em toda a imprensa brasileira, com ampla repercussão nos estados. Nas reportagens, o CFM aponta a responsabilidade dos gestores e o dever atribuído a eles de encontrar solu- ções para as dificuldades relatadas. Pelo menos 300 reportagens citaram o estudo.

     

    No dia 28 de fevereiro, o programa Fantástico, da Rede Globo, apresentou o cenário de descaso com a assistência na rede básica do SUS, com base no levantamento do CFM (vídeo disponível em http://glo.bo/1ncGhfK). A matéria mostrou as dificuldades enfrentadas pelos pacientes para receber atendimento de saúde nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro e Brasília.

     

    O diretor de comunicação do CFM, Hermann von Tiesenhausen, acredita que, por meio das notícias veiculadas, os médicos conseguiram expor à sociedade as dificuldades enfrentadas pelos profissionais na saúde pública e o descaso dos governos com o interesse da população. “Por conta do subfinanciamento histórico e da má gestão, todo o sistema está comprometido. As autoridades precisam reconhecer a saúde pública como prioridade”, disse.

     

    Fonte: Jornal Medicina – Março 2016

     

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