Esclerose Múltipla: por onde andamos?

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    Alterações resultantes da doença afetam o rendimento em tarefas motoras e cognitivas e têm importante impacto funcional nas atividades diárias

     

    A esclerose múltipla é uma doença autoimune, para a qual contribui uma predisposição genética associada a fatores ambientais ainda desconhecidos. É uma doença crônica, inflamatória e degenerativa do sistema nervoso central. A faixa etária de maior incidência é a de 15 a 50 anos, mas também existem pacientes pediátricos.

     

    – Desde as descrições e definições de Charcot em 1860, Schumacher em 1965, e do surgimento da primeira medicação específica para tratamento em 1993, não havíamos sido tão desafiados por inovações na esclerose múltipla (EM). Nossos objetivos básicos no manejo da EM, desde sempre, são manter os pacientes livres de recorrências e sem progressão da doença. Para tal, dispomos de vários recursos – relata a neurologista, associada da AMRIGS, Maria Cecília de Vecino.

     

    O diagnóstico, cada vez mais precoce, decorrente da maior difusão da doença no próprio meio médico, tem sido um fator decisivo para modificar o curso clínico de vários pacientes. De acordo com a especialista, a educação médica continuada em esclerose múltipla deve ser um esforço contínuo, pois os pacientes podem ter dificuldade para caracterizar os sintomas e o médico para interpretá- -los, O erro no diagnóstico, por falta de critérios, pode chegar a 5% dos casos inicialmente suspeitos de esclerose múltipla. Além disso, a chamada “doença das mil faces” pode se apresentar de formas atípicas, nos desafiando continuamente.

     

    Atualmente, apoiados por critérios clínicos e radiológicos mais claramente definidos e acessíveis, os médicos ganham tempo e melhoram a capacidade de intervenção das pessoas. A maioria dos pacientes é diagnosticada no primeiro sintoma, a chamada síndrome clínica isolada (CIS). Os avanços da ressonância magnética e o uso de técnicas demonstram clara e rapidamente as lesões da esclerose múltipla.

     

    – Temos um arsenal crescente de terapias efetivas contra a patologia inflamatória, embora ainda não seja possível controlar efetivamente os processos neurodegenerativos da EM e evitar a incapacitação tardia – afirma.

     

    Para as novas formas de tratamento, é fundamental saber que não bastam bons medicamentos. É importante conhecer o manejo adequado dos benefícios e os riscos inerentes. Naturalmente, como nas patologias de difícil manejo, deve-se ficar atento e orientar de modo claro quanto aos novos tratamentos terapêuticos não consolidados e potencialmente perigosos, que são propostos como “inovadores”, “naturais” ou “revolucionários”.

     

    – Revolucionário deve ser um paciente tratado com rigoroso cuidado e conhecimento embasado em estudos clínicos adequados e evidências epidemiológicas. Medimos a evolução através das taxas de surtos, da sua gravidade, do grau de recuperação, da presença ou não de sinais de progressão e pelos achados na ressonância. Mas devemos lembrar que, especialmente nas fases progressivas, a piora pode vir mais dissociada de alterações visíveis na clínica e na EM – salienta.

     

    A esclerose múltipla impacta o bem-estar físico diretamente, o mental de diversas formas, e o social de maneira particularmente perversa pois, ao afetar pacientes jovens, compromete pessoas em fases produtivas, do ponto de vista econômico, de realizações pessoais e profissionais. Estudos mostram que 69% dos pacientes têm alterações em seus padrões de emprego e formação já nos primeiros quatro anos após o diagnóstico.

     

    Alterações resultantes da doença afetam o rendimento em tarefas motoras e cognitivas e têm importante impacto funcional nas atividades diárias. Até 31% dos pacientes limitam a vida social já nos primeiros anos. O custo social pode ser até sete vezes superior ao custo sanitário, o que pode aumentar significativamente quando ocorrem surtos, ou quando a doença é mais severa e resulta na baixa produtividade ou afastamento completo das atividades laborais.

     

    Portanto, é preciso conhecer cada vez mais a esclerose múltipla, saber tratar os pacientes da forma correta e efetiva, e desenvolver estratégias para fazer frente aos impactos que ela causa de modo precoce e a longo prazo.

     

    Possíveis sintomas:

     

    • Dores locais: nos olhos
    • Dores circunstanciais: com o movimento dos olhos ou nas costas ao acenar com a cabeça
    • Nos músculos: fraqueza muscular, incapacidade de mudar rapidamente os movimentos, músculos rígidos, problemas de coordenação, rigidez muscular, espasmos musculares ou reflexos hiperativos
    • No corpo: fadiga, falta de equilíbrio, fraqueza, intolerância ao calor, tontura ou vertigem
    • No trato urinário: desejo persistente de urinar, incontinência uriná ria, micção excessiva durante a noite ou retenção urinária
    • Sensorial: formigamento e queimação desconfortável ou redução na sensação de tato
    • Na visão: perda de visão, visão dupla ou visão embaçada
    • No sexo: disfunção erétil ou disfunção sexual
    • No humor: ansiedade ou mudanças de humor
    • Na fala: fala arrastada ou dificuldade na fala
    • Também é comum: andar mancando, constipação, dificuldade em engolir, dificuldade em pensar e compreender, dor de cabeça, dormência na língua, dormência no rosto, movimento rápido involuntário dos olhos, privação de sono ou tremor durante movimentos precisos.

     

    Fonte: Jornal AMRIGS

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