Segundo estatísticas da Universidade de La Salle, nos Estados Unidos, o vício em Internet afeta 4,3 milhões de brasileiros Considerada por muitos especialistas como a “doença do século”, a dependência virtual é associada muitas vezes a outros tipos de vícios mais graves e, por isso, merece a atenção dos pais e requer a ajuda de especialistas.Quando se fala em dependência, automaticamente associamos a uma ideia de algo que foge da normalidade, que apresenta uma intensidade, frequência e pode prejudicar o desempenho escolare o convívio social de crianças e jovens. No mundo virtual não há fronteiras, limites e imediatismo, tornando-o ainda mais atrativo para a faixa etária que mais consome dispositivos eletrônicos e transita no ambiente virtual.
Atualmente, a tecnologia está presente na vida da maioria das pessoas e dificilmente há um controle do tempo de uso dos dispositivos. É cada vez mais comum ver pais incentivando os próprios filhos a manusear smartphones e tablets quando as necessidades das crianças, na verdade, são outras. Segundo a psicanalista Renata Viola Vives, da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (SBPPA),há estudos que já falam de crianças de 6 anos que manuseiam muito bem o tablet, mas não sabem amarrar os cadarços dos tênis, por exemplo. Para a psicanalista,o perigo não está na tecnologia em si, mas sim no uso que se faz dela. Se as tecnologias entram na vida da criança como mais uma atividade ou mais um recurso que ela dispõe, não caracteriza um problema, pois há um equilíbrio interno e externo. “Entretanto, se o uso de celulares e vídeo games virar exclusividade na vida da criança, talvez esteja pisando numa zona de alerta, que no mínimo precisa ser observada e pensada pelos pais”, comenta.
Os pais podem identificar o vício quando houver excessos e perdas de outras atividades próprias da faixa etária, o que leva a um empobrecimento na vida social do indivíduo. “Lembremos que a ideia de uma saúde mental é compatível com uma personalidade ‘florida’ que apresenta diferentes características e não fixação “, ressalta Renata. Além disso, há um prejuízo no convívio social, uma situação de conflito, que leva a criança ou adolescente a buscar refúgio excessivo no computador ou em outra tecnologia similar. Conforme a especialista, o uso exagerado dos eletrônicos também pode levar a uma desatenção e mau desempenho escolar à medida que o jovem está dependente e o que está a sua volta perde o encanto. Dessa forma, o aluno distancia-se dos conteúdos tradicionais para embrenhar-se no universo virtual através de todos os elementos nele presentes. Em decorrência da dependência digital é comum que a criança fique mais retraída, isolada, podendo apresentar problemas de conduta e até mesmo depressão.
Os tratamentos podem incluir psicoterapia individual ou em família, mas depende de cada caso. Assim como as outras dependências, suspender o uso dos dispositivos pode ser uma solução para que a situação não se agrave. Para a psicanalista, o tratamento começa no olhar atento da família para o fato. “Limitar o tempo e oferecer outras’ atividades, dar jogos no tablet, mas também oferecer o jogo no tabuleiro. Não podemos falar em excesso se os próprios pais não deixam de lado seus smartphones “, alerta.