Brasileiros são aprovados no Revalida

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    Acadêmicos de medicina tem 70% de aprovação em exame do governo federal, enquanto estrangeiros não atingiram 10%. Governo não divulga resultado, mas o CFM tem acesso a informação com exclusividade

    Caiu por terra o argumento do governo federal de que o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida) é uma prova muito difícil e que, por isso, os médicos habilitados no exterior não conseguem ser aprovados – afirma o Conselho Federal de Medicina (CFM). Aplicado de forma experimental entre os estudantes do sexto ano da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a aprovação no Revalida foi superior a 70%.

    O governo não divulgou esses números, que foram obtidos com exclusividade pelo Conselho.

    Nas duas edições do Revalida, realizadas em 2011 e 2012, os índices de aprovação dos candidatos formados em universidades estrangeiras foram de 9,6% e 8,71%, respectivamente – sendo que em 2012 o ponto de corte foi reduzido pelo governo, tendendo a aumentar o número de aprovados. Entre os potiguares foi aplicada a primeira etapa do exame, que avalia conhecimentos em clínica médica. “O resultado obtido por nossos alunos mostram que o Revalida não e difícil, que ele é bem feito e tem apenas o objetivo de averiguar se o candidato sabe procedimentos básicos”, argumenta o presidente do CFM, Roberto d’Avila.

    “A intenção nunca foi prejudicar a entrada de estrangeiros. Tanto é verdade que da comissão que elabora o teste participam representantes dos ministérios das Relações Exteriores, da Saúde e da Educação, além de procuradores da República. O Revalida existe para a proteção da população a ser atendida, que merece e necessita de médicos capazes”, reforça d’Avila.

    Observador do CFM no Revalida, o conselheiro suplente pelo estado do Ceará, Lúcio Flávio Gonzaga, critica a intenção do governo de contratar médicos habilitados no exterior sem a revalidação de diplomas. “O governo argumenta que nos Estados Unidos o percentual de médicos estrangeiros é maior do que no Brasil, mas lá é feita a revalidação de diplomas e só são aceitos os melhores. Se a população brasileira pensar melhor, ela não vai aceitar a entrada de médicos no Brasil sem que estes tenham passado pelo exame”, argumenta Gonzaga.

    Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Paulo Márcio de Faria e Silva, também defendeu a obrigatoriedade do exame. Para o dirigente, o Revalida é justo, sendo necessário observar os motivos do insucesso no teste. De acordo com dados do Ministério da Educação, das 536 pessoas que se inscreveram na primeira edição do Revalida, 234 tinham obtido o diploma médico na Bolívia e desse total apenas 14 foram aprovados.

     

    Apesar dos dados, o Ministério da Saúde afirma que o teste é difícil e que inclui questões sobre especialidades médicas quando deveria averiguar apenas habilidades relacionadas à atenção primária. “Trata-se de mais um equívoco do ministro Padilha, pois os nossos alunos, de nossas universidades federais, tiveram aprovação de mais de 70% nas questões de clínica médica”, critica o presidente do CFM. Em agosto deste ano, o governo federal aplicara o Revalida tanto para médicos estrangeiros quanta para os estudantes brasileiros. “Tenho certeza que nossos alunos vão repetir e até superar os índices alcançados na UFRN”, aposta d’Avila.

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